15/09/2017 - Cinectus

Bingo: O Rei das Manhãs (2017) – E Oscar vai para…

Ficar entre os 5 melhores filmes do ano para concorrer na categoria de Melhor Filme Estrangeiro na festa do OSCAR é uma façanha! Bingo hoje foi selecionado para disputar uma vaga no ano que vem… Se ele tem o “perfil” para ser selecionado? – é difícil – para levar a estatueta pra casa então, é um longo caminho até Janeiro de 2018, quado geralmente sai a lista de indicados. Até lá é preciso um bom distribuidor nos EUA, participar de outras premiações, uma boa propaganda boca-a-boca, etc. Aqui no Brasil o filme agradou bastante a crítica e o público também, contudo a expectativa era de um número maior de ingressos vendidos nos cinemas.

Mas independente de tudo isso, temos aqui um dos melhores filmes nacionais do ano! O diretor Daniel Rezende entrega um trabalho impecável, principalmente na escolha do ator Vladimir Brichta que se entrega de corpo e alma no papel mais importante de sua carreira. A edição de Marcio Hashimoto e a produção visual e artística (Lula Carvalho e Cassio Amarante) com foco nos anos 80 está perfeita. Aliás de uns tempos pra cá estamos vendo algumas produções (Brasil e EUA) focadas nessa época que agrada em cheio os mais nostálgicos quarentões.

Dentre tantas bobagens e produções descartáveis que consumimos desde a retomada do Cinema Nacional (“Quatrilho” em 1995), podemos dizer que “Bingo” é uma pérola no meio desse oceano.

É nesse momento que devemos prestigiar o excelente trabalho do Cinema Nacional.

Nota: 9

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Confira também uma brincadeira de bastidores com Wagner Mora:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=QOFujs81Bww&w=700&h=361]

Dois, três, meia, zero, oito, sete, três. Quem cresceu nos anos 1980, sabe o real significado destes números. Era o telefone do Bozo, um programa de televisão apresentado por um palhaço com a cara branca, roupa azul e nariz e cabelo vermelhos. Era a mania entre as crianças, que desfilavam nas escolas jargões como “cinco e sessenta”, “dá uma bitoca no meu nariz” e “ah, que peninha”, quando um participante não ganhava uma bicicleta em brincadeiras como jogo da memória e uma corrida de cavalinhos mecânicos – um branco, um preto e um malhado.

Por questões de direitos autorais com o palhaço original, nomes foram mudados. O Bozo virou Bingo, Arlindo virou Augusto (Gretchen continuou sendo Gretchen!) e Bingo: O Rei das Manhãs virou mais do que apenas um capítulo da TV brasileira. O filme é um resgate do que foram os anos 1980. Uma máquina do tempo.

O projeto é o primeiro longa-metragem de Daniel Rezende nos cinemas. Mas o diretor está longe de ser iniciante. Entre vários outros trabalhos, Rezende é o montador de Diários de MotocicletaTropa de Elite 1 e 2RoboCop e Cidade de Deus, pelo qual foi indicado ao Oscar, em 2004. Depois de alguns curtas-metragens e séries de TV, ele viu na história de Arlindo tudo o que ele precisava para fazer esta estreia atrás das câmeras e mais afastado da sala de edição.

Mais do que duas horas de escapismo, Bingo – O Rei das Manhãs é uma sessão de terapia. No escuro do cinema, você vai ver que os temas tratados ali não ficaram nos anos 1980 e que não estamos falando de Augusto. Ainda hoje estamos buscando reconhecimento, nos afastando da família em detrimento do trabalho e deixando de olhar para nós mesmos como protagonistas de nossas vidas. Daniel Rezende consegue fazer isso de forma leve e pop. Como diria Coronel Hans Landa em Bastardos Inglórios“That’s a Bingo!”. (Omelete)

 

 

 

 

2 Comments

  1. […] política durante a escolha para representar nosso país em grandes premiações! “Bingo” foi um dos melhores filmes brasileiros desse ano, mas ainda assim o tema não atraiu o […]

  2. […] 2018, coube a  Bingo – O Rei das Manhas  esta responsabilidade. A produção, no entanto, não ficou entre as finalistas e o vencedor foi […]

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