23/05/2017 - Cinectus

O Rastro (2017) [Crítica]

Poderia ser um clichê barato, num gênero poquíssimo explorado no país, mas “O Rastro” surpeende positivamente! Com um triller de terror sobrenatural/macabro, a história se passa dentro de um hospital público decadente no Rio de Janeiro. As filmagens levaram 33 dias e depois mais 26 semanas para ser editado.  A principal locação foi uma ala do Hospital da Beneficência Portuguesa, no bairro da Glória, um prédio do século 19.

O diretor  J.C. Feyer poderia ter amarrado melhor a história e explorado com mais atenção os personagens e conflitos paralelos da trama.  Feyer utiliza alguns clichês básicos para segurar a narrativa, contudo a direção de arte está excelente, trabalhando os cenários de forma bem sombria. O filme também abusa de close-ups de câmera e sustos provocados por “barulhos” com cortes rápidos de cena, mas nada que prejudique o resultado final.

É muito bom saber que podemos sair dessa linha de comédia pastelão, biografias de famosos ou bons documentários que a maior parte do público não consome! Esperamos que essa seja uma alternativa que faça bastante sucesso e torne mais frequente novos filmes desse gêneros produzidos no Brasil, e para o mundo (e de outros também como ficção científica, aventuras, desenhos animados, etc.).

Nota: 7

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A ótima qualidade artística pesa também na construção de clima, que consegue despertar uma sensação incômoda ao contrastar cores frias do macabro hospital com o calor infernal do Rio de Janeiro, mostrando seu devastador efeito em claustrofóbico detalhe. Ou também gerar certa tensão ao colocar as possíveis ameças e eventos traumáticos descentralizados, vistos apenas através de espelhos ou sombras – ténica inteiramente responsável pelo medo do recente A Corrente do Mal. É um marco para o cinema de gênero nacional, sem dúvidas.

Nenhum produto de audiovisual deve ser perdoado do criticismo apenas por ser brasileiro, afinal é isso que ajuda o cenário a crescer e se fortalecer. Portanto há sim defeitos em O Rastro: o enredo é subdesenvolvido, os sustos são fracos e há potencial desperdiçado.

Ainda assim é difícil não encarar o longa como um bom indicativo para o terror brasileiro ao apresentar uma qualidade visual invejável, ótimas atuações de um elenco de peso e design de som de arrepiar. É bem possível que vejamos mais filmes brasileiros horrorizando a mente das massas do país e ao redor do mundo em alguns anos mas para isso é preciso começar de algum lugar. Agora, parece que o primeiro passo já foi dado. (Omelete)

 

 

 

 

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